O EAD no Brasil vive seu momento de apogeu desde a sanção da Lei nº 9494, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes da educação no país e regulamenta a oferta de ensino na modalidade remota por meio do Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017.
De lá para cá, o EAD ganhou força no Brasil e hoje é uma necessidade para a contenção de novos casos de Coronavírus (COVID-19), que foi declarada pela ONU como uma pandemia em março de 2020 e que já matou mais 2.650.000 pessoas em todo o mundo.
Sendo o distanciamento social uma das medidas mais efetivas para a contenção do vírus, as aulas presenciais foram reduzidas ou mesmo suspensas em praticamente todas as escolas públicas, trazendo à tona uma questão excepcional: o Brasil está preparado para oferecer educação a distância de qualidade?
EAD no Brasil
Entender o funcionamento do EAD no Brasil é uma tarefa complexa, pois exige a análise de múltiplos indicativos, especialmente aqueles relacionados aos fatores sociais e econômicos.
Uma pesquisa recente, realizada pela Hootsuite e We Are Social, revelou que o brasileiro passa, em média, nove horas e vinte minutos conectado à internet todos os dias. O único país que ultrapassa essa média são as Filipinas.
Portanto, pode-se chegar a conclusão de que a internet já está incorporada no cotidiano dos brasileiros, ou pelo menos, de boa parte da população, e portanto, já não é considerada uma novidade por aqui. Porém, há de se considerar que “tempo de uso” e “quantidade de usuários” são parâmetros distintos no estudo do EAD no Brasil e seus desafios.
Aproximadamente, 134 milhões de pessoas acessam a internet no Brasil. Ou seja: dos mais de 212 milhões de habitantes, 3 em cada 4 estabelecem conexão com a rede e consomem os mais diversos conteúdos digitais por meio de dispositivos móveis e computadores.
Tem-se, portanto, um panorama da conectividade no Brasil, que ainda não é para todos e não chega em todas as regiões do país, sobretudo pelo valor que se paga pelo acesso à internet e os custos com infraestrutura.
Muitas famílias não podem arcar com mais uma conta mensal (além das essenciais) e precisam estabelecer prioridades na gestão do orçamento. Em um país com cerca de 14 milhões de desempregados, água, luz, aluguel, alimentação e transporte são custos muito altos que se intensificam em um cenário de pandemia.
Dessa forma, por mais que a internet já esteja presente na cultura do brasileiro, há um longo caminho rumo ao acesso para todos, capaz de garantir condições para o estudo remoto a todos, em acordo com o que estabelece o Artigo 5º da Constituição Federal:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Diante da realidade do EAD no Brasil, considerando, sobretudo, a conjuntura da educação face ao momento de pandemia, listamos os 5 principais desafios para a educação na modalidade remota no país. Confira!
1. Acesso à internet
Conforme mencionado, nem todos os brasileiros têm acesso à internet. Aproximadamente, 78 milhões de pessoas ainda não conseguem utilizar a rede mundial de computadores por dois motivos específicos: não podem pagar pelo serviço ou moram em regiões onde não há cobertura da tecnologia.
Assim, o EAD no Brasil se torna um desafio pelo fato de não abranger a massa e não ser democrático, já que muitos alunos precisam ir até as escolas ou recorrem a terceiros para ter acesso aos conteúdos das aulas remotas.
2. Metodologia
Outro grande desafio do EAD no Brasil é a metodologia, e também, a didática dos professores diante das câmeras e da interatividade virtual.
É curioso perceber que crianças, jovens e adultos passam horas navegando em sites, redes sociais e maratonando séries sem ver o tempo passar. Porém, quando se trata de aulas remotas a coisa muda de figura e muitos demonstram desinteresse e cansaço com o ensino online.
O motivo está na metodologia das aulas. Basta acessar o Youtube para comprovar essa tese: os canais de aulas preparatórias para vestibulares e concursos públicos registram milhões de acessos, muitos comentários e agradecimentos pelos conteúdos publicados.
Ok. É certo afirmar que boa parte dos que acessam esses canais têm objetivos específicos, como a empregabilidade e a aprovação em um concurso público. Porém, porque não instigar nos alunos dos ensinos fundamental, médio e superior essa vontade de consumir conteúdos que abarcam a curiosidade e a necessidade de aprender?
Uma saída para esse desafio do EAD no Brasil é o preparo dos professores para aulas mais dinâmicas, que possam estimular o interesse do estudante em novos conhecimentos, e assim, criar no subconsciente a afinidade com o ensino remoto e seus benefícios.
3. Interatividade
Assim como a metodologia, a interatividade também é fator muito importante para o sucesso do EAD no Brasil.
A falta de contato dos alunos com seus colegas de classe e professores se torna um problema para a aprendizagem, pois é necessária a troca de experiências durante processo de descobertas no âmbito acadêmico.
Fisicamente distantes, porém, conectados, a interatividade é fundamental para uma abordagem de sucesso no EAD, o que significa trazer o aluno para a sala de aula virtual, por meio de perguntas e diálogos sobre os temas trabalhados nas aulas.
Aulas monótonas, que se tornam verdadeiros monólogos, vão no sentido contrário do aprendizado. Basta imaginar que a maioria dos alunos assistem aulas virtuais em seus respectivos quartos, e em um ambiente confortável, as probabilidades de dispersão são gigantes.
4. Teoria e Prática
No EAD, o foco maior está na teoria, mas, sem a prática, não há como garantir uma boa aderência dos alunos a essa modalidade de ensino.
Dizem que a melhor forma de aprender algo é fazendo, portanto, nada melhor do que estabelecer projetos multidisciplinares de pesquisa e aplicação, pois assim, é possível obter o entendimento amplo de assuntos complexos.
Nesse sentido, cabe aos professores estudarem atividades práticas que ajudem na fixação da teoria e levem o aluno cada vez mais próximo da realidade social e mercadológica que ele vivenciará após sua formação.
5. Qualidade de ensino
Por fim, mas não menos importante, a qualidade de ensino fará do EAD no Brasil algo concreto e satisfatório, e para isso, é fundamental observar o momento da educação no país e como ela deve se projetar para os próximos anos.
Falar em qualidade significa falar da oferta do melhor serviço por meio das melhores ferramentas.
Um ensino de qualidade perpassa o reconhecimento de professores e alunos quanto às suas funções no contexto acadêmico. Todo professor se sente recompensado quando obtém um agradecimento pela aula e todo aluno sente vontade de ir além quando se vê capaz de resolver uma situação-problema ou interpretar um texto.
Assim, a qualidade de ensino nada mais é do que o prazer de desfrutar de momentos de descobertas, e nesse sentido, ambos os lados envolvidos são responsáveis por tornar o EAD no Brasil uma realidade extremamente vantajosa e permanente.
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