2022: Um chamado ao equilíbrio.

Brasília, onde se concentra a política do Brasil

O cenário é devastador. Desemprego em alta, inflação estourando, dólar caminhando para a casa dos 6 reais. Some-se a isso quase 300 mil mortos em um ano. Com isso a popularidade do presidente se sustenta em dois pilares : 1- Seu núcleo duro de militantes; 2- Pessoas desesperadas que viram no Auxílio-emergencial um respiro.

Mutatis mutandis, há paralelos entre a atual conjuntura e o Brasil de Dilma que redundou em Bolsonaro. E o principal link entre os dois momentos é o caos institucional no qual investiram os presidentes.

Hoje parece tosco falar isso pela popularização da justificativa “Eu o PT?” mas quando falamos do governo PTista, falamos de um governo que plantou boa parte daquilo que o Bolsonarismo cultiva e leva a extremos hoje.

Bolsonaro persegue a imprensa. PT ensaiou cassar o visto de trabalho de um jornalista que fez um comentário pessoal sobre Lula e editou o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos que previa a cassação da licença para que jornalistas que “desrespeitassem os direitos humanos”. Que depois fora mudado.

Bolsonaro tomou como seu grande alvo de ataques a Rede Globo, caluniando e ameaçando a empresa constantemente. Militantes PTistas repetiam o grito de ordem “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” em protestos e tinham como uma das pautas principais o que chamavam de “Democratização da mídia”, e que tinha como principal alvo a Rede Globo.

Jair Bolsonaro se utiliza do apoio de sua militância para validar sua pretensão de passar por cima das instituições democráticas. Dilma decidiu colocar na Administração Pública entidades da sociedade civil apoiadoras de seu partido com o decreto 8.243 implementava os tais “conselhos populares” como instâncias consultivas dentro da administração pública.

Os exemplos acima não pretendem demonstrar a igualdade entre PT e Bolsonaro mas trazer uma questão de extrema relevância: Caos institucional propicia mais caos institucional. Quando se investe contra as instituições democráticas, se abre uma porta para que outros venham e faça o mesmo com mais força.

Foi o que Bolsonaro fez! Radicalizou a retórica e os atos de vilipêndio da democracia realizados antes dele. Ao sofrer Impeachment, Dilma Rousseff deu lugar a Michel Temer que tentou dentro do possível restaurar algo da integridade das instituições brasileiras e foi parado pelo maior entre de depredação institucional da história do Brasil : Lava-Jato.

Foi entregue então um país que tinha instituições mais fragilizadas que o normal. Bolsonaro fez questão de piorar isso e ao entregar a cadeira (seja em 2022, seja em 2026), as instituições brasileiras serão um alvo fácil a alguém que pretenda piorar isso.

E então temos o fantasma de “O PT voltar”. Se o Partido dos Trabalhadores já era naturalmente um dos favoritos ao próximo pleito, com a anulação do processo de Lula fica ainda mais. Aqui corro o risco de ser confundido com um daqueles direitistas fanáticos que demonizam o partido. Tenho zero simpatia pelo partido, mas é fato que são um perigo institucional.

Trata-se de um partido que não fez a menor questão de se afastar daquilo que era apontado como característica autoritária. Pelo contrário, dobrou a aposta e em sua “carta de mea culpa” em 2016, o Partido lamentou não ter aumentado seu controle em instâncias da sociedade (inclusive a imprensa).

Mais pra frente, o partido reiterou seu apoio a absurdos eleitorais feitos na nossa vizinha Venezuela enquanto o mundo inteiro repudiava o que acontecia naquele país. Significa que o PT pretende “transformar o Brasil numa Venezuela”? Obviamente não! Afinal, nem mesmo Hugo Chávez quis transformar a Venezuela numa Venezuela. O interesse dele era apenas consolidar um pouquinho mais seu poder e quando você vê, o país está um caos.

Acontece que a democracia não existe e nem se mantem do nada. Ela se desgasta e precisa de manutenção, ainda que de tempos em tempos líderes com inclinações autoritárias assumam o poder. Estamos vindo de alguns vários anos com líderes assim e seja com Bolsonaro ou com o candidato PTista, serão mais 4 anos a partir de 2022.

Por isso é de extrema importância que ao escolhermos o candidato para as próximas eleições, tenhamos como um norte a preservação das instituições, apoiando candidatos à esquerda e à direita, que tenham apreço por elas.

Você, direitista que não está satisfeito com Bolsonaro mas tem verdadeiro horror só em ouvir a palavra “esquerda”, acha mesmo que permanecer com o atual presidente ao invés de tentar uma alternativa mais moderada mesmo que mais à esquerda? E você, esquerdista, gosta do Lula o suficiente pra rejeitar inteiramente a possibilidade de um outro candidato de esquerda moderada ?

É necessário que nas próximas eleições sejamos capazes de deixar de lado algumas preferências e preconceitos em prol de salvar a política e as instituições desse país. Faça sua parte e convença amigos ao equilíbrio.

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Me chamo Renato Veltri, sou graduado em direito e minha gama de interesses é das mais variadas desde os corriqueiros futebol e política até os rumos da economia. Entretanto, tentarei manter o foco no direito por ser minha área de especialização, em especial tributário e comercial. Espero que aproveitem a leitura.

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