Entrevista de emprego: por que não sou chamado?

Isaias Menezes Silva

O que há de errado com meu currículo? Mesmo tendo qualificação e experiência, não sou chamado para entrevistas de emprego e já não sei mais o que fazer!

Infelizmente, essa é a situação de muitos brasileiros que, todos os dias, tentam recolocação no mercado de trabalho e encontram vários desafios no caminho rumo à contratação, começando pela realização de entrevistas.

O que pode justificar essa “barreira” vai desde a análise do currículo e das competências técnicas até a consideração de fatores como idade, disponibilidade para viagens e histórico profissional. 

Cada vaga possui um “perfil ideal” e vários critérios são avaliados nesse tipo de decisão.

Mas, por que será que tantos profissionais se queixam de não conseguirem uma entrevista de emprego, uma etapa decisiva para a contratação e que pode “reverter” as chances de candidatos com pouca ou nenhuma experiência? 

É raro uma contratação ocorrer sem que o candidato tenha conversado com o recrutador, o que explica a preocupação quanto a falta de devolutiva das empresas após o envio de currículos e o preenchimentos de formulários. 

Como garantir a participação em entrevistas de emprego
Créditos: Photo by Tyler Hendy on Unsplash

Entrevistas de emprego estão cada vez mais objetivas

Há uns dez anos, os processos seletivos eram, de forma geral, mais abrangentes em suas etapas, porém, muita coisa mudou e agora os recrutadores estão focados em dois pontos específicos antes de fazer contato com os candidatos: experiência e qualificação profissional. 

Ocorre que mais pessoas com formação acadêmica estão chegando ao mercado de trabalho, o que aumenta a concorrência por vagas de emprego e torna o processo de seleção de currículos ainda mais minucioso. 

Mesmo com qualificação, é grande o número de pessoas desempregadas no país, e nesses casos, o sentimento de frustração é comum e pode desviar o foco no processo de busca por recolocação profissional. 

Aí, entra o fator “experiência” para definir quais candidatos possuem “conhecimento prático” e não necessitam de treinamento para exercer suas funções, uma preocupação a mais para quem está em busca do primeiro emprego ou em transição de carreira

A “qualificação” é uma exigência aos mais diversos cargos, tanto operacionais quanto estratégicos, que, somada a experiência, indica um “perfil completo” em termos de hard skills

Nos tempos atuais, não basta ter formação em nível superior. O diploma não garante a contratação se não estiver associado a outros certificados que comprovam a atualização de conhecimentos e boas práticas da vivência profissional. 

Esse acaba sendo um dos principais critérios para a seleção de candidatos em entrevistas de emprego, sobretudo em um cenário de constantes mudanças tecnológicas que impactam a realização de processos e que são implantadas para substituir procedimentos manuais. 

Até aqui, nenhuma novidade, certo? Ou seja, as empresas, certamente, darão preferência para a contratação de profissionais qualificados e com experiência, afinal, esses dois requisitos sugerem a aquisição de mão de obra produtiva e pró-ativa.

Acontece que, de modo geral, os processos seletivos estão mais criteriosos e detalhistas. O que vai de informação no currículo precisa atrair a atenção da parte contratante, e aqui, podemos encontrar outra justificativa para a dificuldade em conseguir participar de entrevistas de emprego. 

Quem está na luta por recolocação profissional certamente vai se identificar com a seguinte situação:

Dezenas de currículos encaminhados semanalmente, contatos com amigos, ex-colegas de faculdade e trabalho, pesquisas em redes sociais, agências de emprego e, simplesmente, nenhum retorno. 

Se você está passando por esse momento desafiador, acompanhe a seguir os principais motivos que podem dificultar a participação em entrevistas de emprego e saiba o que fazer para virar o jogo a seu favor!

Por que não sou chamado para uma entrevista de emprego

1. Currículo incompatível com os requisitos da vaga

Como dito, os processos seletivos estão cada vez mais objetivos e detalhistas. 

Por isso, antes de encaminhar seu currículo, analise todas as informações da vaga e cruze-as com suas qualificações, experiências e pretensões profissionais. Se houver “conexão” entre o seu perfil e a vaga, dê o próximo passo e realize a candidatura. 

A realidade é que nem todas as empresas dão feedbacks das candidaturas em vagas de emprego. Algumas confirmam o recebimento do currículo, porém, só entram em contato com aqueles que passaram para a fase de entrevistas. 

Então, para não criar expectativas e evitar aborrecimentos, confira todos os requisitos da vaga e, se tiver certeza de que possuir as competências exigidas para exercer o cargo anunciado, siga em frente. 

2. Informações faltantes no currículo

Quais informações básicas não podem faltar em um currículo? São elas: nome, telefone de contato, whatsapp, e-mail, endereço, formação e qualificações, experiências e objetivos profissionais.

Esses dados dizem muito ao recrutador, porém, não são a totalidade do necessário para a fase de entrevistas, a qual são chamados os candidatos que têm “muitas chances” de ser contratados pela empresa. 

Geralmente, as entrevistas são para avaliar o perfil comportamental dos candidatos e também para confirmar as informações do currículo. E como são selecionados esses participantes?

Bom, além da análise de afinidades dos candidatos com os valores da empresa, outras questões são muito importantes para que o recrutador possa estabelecer critérios de decisão. E entre esses fatores, estão:

  • Pretensão salarial;
  • Disponibilidade para viagens;
  • Disponibilidade para o trabalho remoto (a depender da ocupação);
  • Inglês nível intermediário/avançado (ou outro idioma);
  • Resumo das atividades desenvolvidas em experiências de trabalho anteriores (as mais relevantes);
  • Realização de trabalhos voluntários/ações sociais;
  • Intercâmbios;
  • Participações em processos de bolsas de estudos e pesquisas acadêmicas.

Essas informações são muito importantes e costumam ser tratadas nas entrevistas de emprego, porém, podem ser antecipadas já no currículo. O ideal é avaliar se, na descrição da vaga, alguns desses requisitos e “diferenciais” são citados. Se sim, vale muito a pena incluí-los!

3. Falta de adequação do currículo

Tenha em mente que seu currículo precisa ser um documento objetivo e reunir as principais informações sobre o seu perfil profissional. 

Ele será como uma carta que você enviará para as empresas solicitando uma oportunidade de emprego, portanto, o conteúdo deve ser muito bem pensado para o que o destinatário tenha interesse em conhecer seu autor e contratá-lo.

Pense um pouco: se você é um profissional muito qualificado e acumula diversas experiências profissionais, precisa selecionar suas melhores referências e evitar excessos. Currículos com três ou mais páginas podem “passar batido” pelos recrutadores.

Por isso é tão importante analisar os requisitos da vaga, justamente para adequar o currículo de encontro ao perfil buscado pelo anunciante da vaga.

Se possível, evite colocar cursos que realizou há 10, 20 anos e dê preferência por evidenciar seus conhecimentos e conquistas mais recentes, bem como as últimas empresas onde trabalhou ou passou mais tempo.

4. Erros ortográficos no currículo e padronização

Não é exagero: muitos ficam de fora da fase de entrevistas de emprego por erros gramaticais no currículo.

Detalhes que podem passar despercebidos por nós (mas não pelos recrutadores) e que indicam o cuidado dos candidatos com a elaboração de um documento que tem o potencial de abrir caminhos para grandes oportunidades de trabalho. 

Revisar diversas vezes o mesmo conteúdo é uma tarefa muito delicada e os olhos podem “falhar” na hora de checar se está tudo certo com a ortografia. 

Por isso, antes de enviar seu currículo para as empresas, mande-o a um amigo. Peça a ele para verificar possíveis erros e sugerir melhorias. 

Outra dica muito importante: evite inovar demais na elaboração do currículo, alterando a fonte e tamanho das letras, por exemplo. Tente seguir o padrão Arial ou Times New Roman, tamanho 12 ou 14, com cabeçalho, títulos e subtítulos em negrito.

5. Atenção ao dia e horário que for enviar seu currículo

Sempre que estiver em um site de empregos e visualizar uma vaga compatível com seu perfil profissional, preste atenção nessa dica. 

Evite encaminhar seu currículo aos fins de semana e fora do horário comercial, que é das 8h às 17h (de segunda a sexta). As chances do e-mail se perder em uma caixa de entrada aberta após o fim de semana são grandes. 

Uma boa estratégia para aumentar as chances de ter o currículo avaliado com atenção é enviá-lo no período da manhã, até as 11h, quando muitos estão se preparando para o horário de almoço e costumam dar uma pausa nas atividades para checar o recebimento de mensagens no e-mail e redes sociais. 

A recomendação é simples e funciona. Sabe aquela ideia de que o segredo da sorte é estar no lugar certo na hora certa? Não custa nada apostar e constatar os resultados, não é mesmo?

Concorrência e Economia

Não ser chamado para entrevistas de emprego pode significar algo além do que se imagina quando a situação de desemprego beira o desânimo e a frustração.

Diversos profissionais extremamente capacitados enfrentam a árdua batalha de encontrar trabalho no Brasil, sobretudo, pela instabilidade econômica do país, a desigualdade de salário entre homens e mulheres e a baixa remuneração oferecida em um cenário de intensa competitividade. 

Portanto, siga as dicas deste artigo e aproveite as redes sociais para conseguir um emprego. Acesse os grupos e faça contatos com pessoas que possam te ajudar a conquistar uma vaga no mercado de trabalho. 

E o essencial: acredite na sua capacidade e valorize sua trajetória. Entusiasmo, força de vontade e esperança são fontes de energia necessárias para quem tem muitos sonhos e objetivos a realizar.

E quais são os seus?

Comente sua experiência com entrevistas de emprego e continue acompanhando nossos conteúdos sobre carreira!

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